quinta-feira, 20 de novembro de 2008

20

Estava sentado até agora. A mesa colecionava garrafas. Como devia ser. Os sonhos extrapolavam as raias da razão. Os copos secavam rapidamente. Cai um cidadão de pára-quedas:
- Senhor ‘tô com fome, dá uns trocados? (a pobre alma sofria)
- Leve essas moedas e me prometa que não volte.
- Deus lhe salve... (aclamava-o o pobre)
- Somos do mesmo saco. (afirmava Zarro).
Aquela mulher atravessou ventando por entre os vazios nos ombros, na área do pescoço. Um perfume particular. Zarro reconhecia o cheiro bom. A mulher, mais rápido que podia, fitava-o do outro lado do balcão. Fingindo descaradamente não lhe reconhecer. Paquerava piscando os olhos, mordendo lábios. Abria as pernas sob a saia justa. Curta. Na altura das coxas, a saia subia e descia.
Ia ao banheiro de quando em vez. Trocou até alguns miúdos com Zarro. Manteve-se à distância. Previne-se de antemão: ela não trepou com o cara. Tomaram algumas doses. Espremeram alguns limões, mas ficaram na saudade.

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