quinta-feira, 20 de novembro de 2008

02

No porão onde moravam, os escombros eram os próprios móveis. O computador ligado na rede comunicava Robbie com o mundo. Os jogos lhe antenavam com os avanços tecnológicos. Suzi ouvia música o tempo todo e comia coxinha. Ele secava as caixas de leite. Ela escovava os dentes. Na boca de Robbie dentadura.
Robbie tomava nos canos. Suzi cheirava cocaína e bebia uísque. Eles trepavam como loucos – só de camisinha. Ele era soropositivo. Ela era ruiva e ele era punk: Operation Ivy, RDP, Cramps, Dead Kennedys. Ela era louca e se trancava em qualquer banheiro. Enquanto Robbie se picava dentro do carro. Suzi dirigia sempre trincada. Anestesiada. Ligada. O toca-fitas rodava som punk.
Robbie se afundava na poltrona do carona. Com uma mão apertando o braço esquerdo. Picado. Com olhos tontos e embaçados. Com a boca aberta, respirava com a língua de fora. Sem nexo, tinha alguns lapsos. Endireitava-se na poltrona. Depois soltava. Passava os dedos pelo vidro da frente do carro. Voltava. Aos poucos conseguia falar. Suspirava. Coçava a cabeça. Esquecia-se do pico.
Desceram do carro e entraram num bar, ambos determinados. Sentaram-se juntos ao balcão e se paqueravam. Um roçava a perna da outra. Ela de saia mostrava-lhe a buça. Ele sorria e pedia mais uma cerveja. Ela levantou. Caminhou-se para o banheiro e de repente virou-se. Fez com o dedo. E chamou, o que Robbie foi atrás e de fuderam quinze minutos no toalete. Saíram extasiados e felizes. Mataram a cerveja. Ela no colo do cara. Pagaram a conta e deixaram os trocados. Pro barman. É claro.

Nenhum comentário: