quinta-feira, 20 de novembro de 2008

14

Lia chegou de surpresa. Um dia, cheia de malas. Enviara um e-mail, mas não dissera o dia.
- Nem me lembrava mais de sua cara, minha filha. (suspirava Bárbara)
- Que bons ventos lhe trazem, sobrinha. (Hannah mentia)
- Bom filho tia...
- à casa torna. (respondiam)


Trouxe muitos biscoitos, um prestobarba, uma navalha e um bocado de livros. Entre os livros, foi quando Lia lera os primeiros clássicos.

Os seios ficavam mais robustos. Torneava-lhe com mais força as cintas-ligas. No jeans surrado crescia uma menina menos melancólica e um pouco mais festiva. Todos se surpreendiam com os contos de Lia. Ninguém admirava o quanto tinha de vida escondida nas solas de seus velhos sapatos. Os cabelos cresciam – cortavam. Os olhos choravam – secavam. Ninguém ordenava: pediam-lhe com esforços medidos. Mediavam. Um dia ela foi raptada por gosto. Era um menino antigo namorado.
- Um tarado. Resmungava sua tia.

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