quinta-feira, 20 de novembro de 2008

12

Um morreu desovado no asfalto. Esbórnia nem devia ter entrado nessa história. De alças caídas, pagava às bucetadas o pão nosso de cada dia. O moço continuava deitado. Seu campo de visão era o umbigo. Vasculhava um domínio de 270 graus. Do chão trazia uma caneca até a barriga. Se tivesse vazia gritava a Esbórnia que atendia sempre disposta enxugando as mãos nos panos de prato. Enchia no filtro perdendo os minutos – uma caneca de cerâmica fina. Ela colocava submissa ao lado da cama, campo do domínio de um homem podre entediado. Dela, uma alça descia aos ombros. Desvendando uma luz rosada na borda daquele mamilo.

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