quinta-feira, 20 de novembro de 2008

04

Chegava apressada em casa. Esbórnia, como de costume, cantava enquanto esquentava o rango. O nenê fitava a mão solícita no fogão. O homem roncou no quarto. Ela lhe respondeu:
- Já vai.
Na porta secava as mãos com o pano de prato ali dependurado. Com pés descalços, esfregava, esfregava um no outro, enquanto reparava no moço – sem camisa e deitado.
Antes de cinco minutos marcados na parede com relógio, a moça estava nua como veio ao mundo. Gemia de verdade sobre as esporadas. Uma coisa acaba desfrutando o corpo quente dessa desfrutável na cama e desbocada na rua. O cheiro vinha da cozinha. Gemiam. Bem pouco depois do meio-dia.
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- QQ...
- QQuanntas horas? (perguntava Sinis delicadamente)
- Três. (disse Zarro, seco).
O universo realmente não presta. Quando foi comprar o novo disco do U2. O livro do Bukowiski desisti na metade. Ontem foi à aula e matou todas na cantina, bebendo com os caras. Hum... Madalena. (pensava Zarro)
- O ônibus...
- Oi. (tentava responder Zarro)
- Você vai ficar aí viajando... ou? (resmunga Sinis).
- Vá para o inferno! (corta Zarro)
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Um pombo cagou na sua manga da camisa. Estava limpa desde ontem, mas que nada> A pressa. Essa é a hora dos ônibus lotados e dos odores e dos sovacos úmidos. Com certeza não era para ele estar nessa agora, era para ele estar em casa. Nem trabalha. Parece que ele estava perturbando o caos dos outros. “Que que eu estou fazendo aqui?” Fez suas compras e bebeu cerveja. Gasta-se dinheiro nesse mundo. “Fazer o que com as moedas?” Não se lembra, era Zarro.

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