quinta-feira, 20 de novembro de 2008

03

Um trem avançou o sinal. Ninguém ouviu. Houve poucas vítimas. Ouviram pouco o ruído. Descarrilaram vagões, esvaziaram produtos de minério. Ainda resta. Explora-se pouco no país. Terra que tudo dá. Milhões de famintos equivalem aos milhões de obesos no mundo. Viva a lipo. Aspiração de muitos. Muitos passam fome. Quem quer saber disso?

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Com os dentes preparou um grampo. Amarrou uma mexa que pousava-lhe na testa. Estalou seus chinelos. Saiu andando. Num ombro uma cesta. No outro – uma alça de vestido caída. Tinha um rebolado rítmico. Sincopado. Num tecido azul claro de flores brancas, miúdas. Cabelos cacheados, castanho-claros. A mão esfregava as cochas roliças. Enquanto o moço ficava deitado. Calmo.
Esbórnia, era ela, iria comprar pão. O padeiro atendeu cordato. Assim que a senhorita entrara. A padaria estava vazia como de costume. De tarde. Àquelas horas.
- Tem pão fresco? (ela assuntava)
- Aqui dentro. (respondeu o padeiro)
De lá dentro a moça escolhia o pão. “Esse aqui ou aquele ali”, a menina pensava. Com a mão apertou os bagos do cordato rapaz de quase meia idade. “Avançada”, o robusto pensava. Enquanto fodiam, ela pagava os pães sem mais. E o moço ficava em casa. Descansando.

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