quinta-feira, 20 de novembro de 2008

05

Quaisquer músicas dançavam, naquele dia, até sem música. Mesmo. Estavam empolgados. Era festa. Desfilava romântico. Azarava. Bebericava e se entorpecia. Queria um estado extraordinário. Esperava por um movimento em falso. O acaso. Estava ali. Pronto. Parado e estagnado à espera de algum desavisado.
- Podia até te dar, mas... e eu?
- Gozava.
- E depois? (nem parecia Suzi)
- No mínimo vivia e no máximo não perguntava. (cortava Zarro)
Ela estava de lenço na cabeça e de bobs por baixo. Um saiote curto de listras largas, azuis num degradé. Assim, chutou a porta de um bar numa zona tropical que parecia Estado do México. Onde Zarro se afogava numa dose de tequila. Vestia uma camisa de linho e mangas longas. Divertia-se. Sua gravata lambia-lhe as costas. Antes de ir direto ao banheiro, Suzi o encontrou, antes de reconhecê-lo. Deixou sua bolsa no colo do quase embriagado. Na volta trocaram miúdos. Paranóica a ruiva não dava.
*******
- Dê-me um uísque. (pedia Biz, esquecendo da pinga)
- Cowboy? (perguntou o barman)
- Pode ser e se for, é claro. (não respondia Zarro)
Foi ali que conhece Suzi. Entrou espalhafatosa, direto para o banheiro. Acompanhando o caso. E tinha um cadáver no carro, percebia Zarro. Numa cidade tão longe que parecia bem perto do Novo México. Viva! Marcos!
Depois de ter comido um veado. Ele estava louco, mas Zarro não aceitava o fato, era até amigo de uma drag-queen. Exagerava. Pensava nisso, enquanto de soslaio via o presunto no banco de trás, na carona que arranjara no bar. A mulher era ruiva e ouvia David Bowie no toca-fitas do carro. Trincada ela dirigia, parecia que só assim conduzia. Zarro sacou o porquê do banheiro. Só não entendeu a cortesia da carona. Por uma companhia, não era.
- Preciso de ajuda. Me ajuda? (solicitava a moça ruiva)
- Pela carona... é claro.
- Quero que tire esse presunto do carro. Quando parar. Eu aviso. Fica calmo.
- Eu estou calmo. (respondeu apavorado Zarro).
O carro parou numa encruzilhada deserta. Devagar o rapaz retribuía-lhe o fato. Devagar jogou o morto no mato. Quando limpou as mãos, após a tarefa. A mulher deu a partida no carro. Pelo retrovisor a mulher fitava o cara diminuindo no ponto de fuga da perspectiva daquela imagem... no espelho retrovisor do carro. Foi nessas circunstâncias que Suzi conheceu... pois é (torturava-se a moça ruiva) não perguntei o nome a Zarro, com gravatas frouxas. E um cantil de uísque,

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