quinta-feira, 20 de novembro de 2008

19

Um vestido lindo rosado floria na praça. Uma alça caída nos ombros mostrava uma outra alça marcante. O corpo dela estava moreno. O nenê já crescia cabelo na franja – esticava. Os grampos prendiam os cabelos. Esbórnia lerda sorria na rua. Xingava aos mais atrevidos que arregalavam-lhe os olhos. Dentro da cabeça guardava um silêncio uníssono. Quando bebia, o barulho incomodava. Extrapolava em dias escolhidos por acaso. Um aniversário. Até que um disse-lhe:
- Que coisa bonita são os pés no chão.
- Normais. (Ela entregava)
- Imagino o resto.
Quando aquele vestido rosado passeava, a verga subia, todos, duros por ela. Nem expectador nem ator não o sentiam. Até que o mais atrevido (quando a moça agachada procurava os chinelos no quarto dos fundos), o rapaz chegou por trás daquela moça, em brasa. O chamego foi esquentando quando ela colou a mão na massa. Aí fudeu. Do corredor ouvia-se nitidamente a esparrela. O furdunço fazia um barulho abafado. No volume mínimo dos sussurros. A moça ainda pedia uns trocados. “Sem miséria” (ela gritava). Carregava sempre uma cesta dependurada no braço. O braço contrário da alça caída.

Nenhum comentário: